07 Faces of Dr. Lao
“O circo do Dr. Lao é
a própria vida, e tudo nele é maravilha.”
A Sete Faces do Dr. Lao é um filme de 1964, adaptado do
romance de Charles G. Finney, de 1935.
A história fala sobre um misterioso homem chinês, Dr. Lao, e
seu fabuloso circo.
Dr. Lao, exótico e mágico, transforma-se em Abominável Homem das Neves, Mago Merlin,
Apollonius de Tyana, Pan, Serpente Gigante, Medusa, e em um Membro da
Assistencia. Um só homem, e suas 07 faces.
Quantas vezes na
vida sou obrigado a trocar de máscara! A vida, diáriamente, apresenta
contrastes gritantes.
Por exemplo; em
um único dia, participei de um evento repleto de deputados, vereadores e
pessoas influentes com certo poder de decisão na vida da população, e horas
depois encontrava-me dentro de um boteco sujo, escuro, cheirando a cigarro e filosofando
com o mais humilde dos seres humanos! E detalhe; bêbado!
Eu poderia ser a
mesma pessoa em ambos os lugares? Em caráter, sem sombra de dúvidas que SIM e
afirmo; eu sou! Mas a máscara muda.
Minha vida tem
sido repleta de contrastes, e não é de hoje. Quando eu era criança, tinha em
frente a minha casa um casarão antigo, simples, com paredes salmão e bem pobre.
Morava ali meu amigo Dé, irmão do Binho e filho do Zé. Eram pessoas bem
humildes, e apesar da minha visão pura de criança, percebia-se que eram pessoas
sofredoras. Eu, Dé, e outros amigos, brincavamos muito ali no casarão. Seu
quintal, grande e repleto de árvores, nos oferecia momentos de boas risadas.
Não me esqueço do Binho, trepado encima da pitangueira, mijando na cabeça do Dé
(kkkkkkkk).
O contraste dessa
simplicidade eu vivia nas minhas férias de final de ano, na casa da praia. Lá,
na casa de um vereador, eu nadava numa enorme piscina, jogava bilhar, tomava
guaraná, e andava de bicicleta. Sem falar, claro, do campo de futebol dentro
dessa casa. Sim, um enorme campo de futebol, e com uma quadra de vôlei ao lado.
Piscina, quadra, campo, sauna, sala de jogos, churrasco, e horas
depois,voltando a São Paulo, me encontrava no casarão pobre, simples, e
desgastado do meu amigo Dé, ou no terreno baldio de chão batido e mato próximo
a minha casa. Nosso famoso “campinho”.
Puro contraste!
Pude viajar pra
vários países, conhecer cidades lindas, ricas e repletas de pessoas bem
vividas. Mas também, no meu dia a dia, circulo por São Paulo, zona leste, e
vejo a condição triste, precária e lamentável em que se vive grande parte da
população. Contrastes.
Voltando ao tema
principal, percebo a obrigatoriedade de me transformar. Assim como Dr. Lao, no
circo mágico, me vejo obrigado a mudar de roupa, fisionomia, e ser alguém que esteja de acordo com o ambiente
e as pessoas ao redor. Ser aquilo que o momento pede. Ser adaptável!
Sou a criança
brincando no casarão antigo, o adolescente experimentando os primeiros goles de
cerveja numa baladinha na Vila Madalena dos anos noventa, o adulto de terno e
gravata trabalhando no aeroporto internacional, o mochileiro peregrinando pela
Europa, o rebelde cabeludo que destruia a escola e azucrinava os malditos
professores, o impaciente, o zen, o romantico escrevendo uma carta, o as vezes
triste, mas princiapalmente o FELIZ e eternamente em paz com a vida
Cassiano.
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